Alergia a esmaltes e unha de acrigel

Quais são os sintomas? Tem cura? Qual o melhor esmalte para quem tem alergia?

Confira aqui tudo sobre alergia a esmaltes e unha de acrigel.

Artigo escrito pela Dra. Ana Luiza Villarinho, especialista em alergias na pele e pesquisadora da Fiocruz.

Quais os sintomas de alergia a esmalte?

A alergia a esmalte geralmente se manifesta com o aparecimento de placas de coceira, vermelhidão , vesículas (“bolinhas”) e descamação na face, especialmente ao redor dos olhos (pálpebras) e da boca, além do pescoço e colo. Isso ocorre porque passamos, várias vezes ao dia, as mãos no rosto, de forma imperceptível, levando o alérgeno para esta área. Uma vez que a pele desta região é mais fina do que a das mãos, isso facilita a ocorrência dos sintomas neste local.

Ocasionalmente, quando a retirada de cutículas é intensa, produzindo pequenos machucados ao redor das unhas, a alergia pode se manifestar nesta região, ao longo de todos os dedos das mãos e dos pés. Neste caso, observa-se inchaço (edema) , vermelhidão e coceira, na pele ao redor das unhas.

Se o paciente portador da alergia insiste no uso do esmalte com o alérgeno, as unhas podem começar a nascer com alterações como rugosidades, que conferem um aspecto áspero à lâmina ungueal e as cutículas param de crescer. 

O que é bom para alergia a esmalte? Tem cura?

O melhor remédio para a alergia a esmalte é o quanto antes remover a cobertura da unha, seja ela de esmalte comum ou em gel. Se o caso for leve, isso pode ser suficiente para a resolução dos sintomas. 

O tratamento dos locais afetados geralmente é feito com corticoide em creme, pelo período determinado pelo médico. Uma vez que, na maior parte das vezes, o rosto é afetado, deve-se ter cuidado com o corticoide escolhido, pois os considerados muito fortes (alta potência), como o propionato de clobetasol, podem causar efeitos colaterais na pele, como atrofia, acne, dermatite perioral e etc., quando utilizados por longos períodos.

 Se a coceira for intensa e estiver atrapalhando as atividades diárias, pode-se tomar antialérgicos por via oral, preferencialmente aqueles que não causam sonolência e alteração da atenção. Raramente, se a alergia for muito intensa, pode-se utilizar corticoide oral por um curto espaço de tempo para o alívio mais rápido dos sintomas.

Infelizmente, esse tipo de alergia, chamada dermatite de contato alérgica a esmalte não tem cura. Algumas poucas pessoas podem experimentar o processo de dessensibilização quando se tornam idosas, por alterações do sistema imunológico relacionadas ao envelhecimento. 

Qual o melhor esmalte para quem tem alergia?

Pode parecer óbvio, mas o melhor esmalte para quem tem alergia é justamente aquele que não possui o alérgeno com o qual o paciente não pode ter contato. Dentre estes, a substância do esmalte que mais causa alergia é a resina tolueno-sulfonamida-formaldeído, também chamada de resina tonsilamida.

A maior parte dos esmaltes vendidos com rótulo de hipoalergênico no país (Risqué, Impala, Colorama), não contém esta substância. No entanto, tem-se observado um aumento de casos de alergia a outros componentes de esmaltes e cosméticos ungueais, como os acrilatos, presentes nos esmaltes e unhas de gel e nas fibras utilizadas nos prolongamentos das unhas. Nestes casos, o paciente não pode usar mais este tipo de material ou até mesmo as colas empregadas para a fixação de unhas postiças, mas tolera bem o esmalte comum, com a resina tolueno-sulfonamida.

O esmalte pode conter também outras substâncias alergênicas como acetato de butila, acetato de etila, nitrocelulose e colofônio. Pequenas quantidades de metais como o sulfato de níquel, embora não estejam descritos nos rótulos, também podem estar presentes nos esmaltes, mas na prática clínica, dificilmente são a causa da alergia.

O fato do esmalte ser vegano ou cruelty-free, embora tais características indiquem um maior cuidado na escolha dos componentes e técnicas de produção, não é sinônimo de que o produto seja hipoalergênico. O paciente alérgico deve sempre consultar o rótulo dos esmaltes, o que muitas vezes requer o uso de lupas ou outras lentes com aumento. 

Como então saber a substância que está causando a alergia?

Neste caso, utiliza-se o exame chamado teste de contato, que consiste na colagem de fitas contendo as substâncias a serem testadas, preferencialmente na pele do dorso e posterior leitura com 48 horas e 72 ou 96 horas.

O principal alérgeno, a resina tolueno-sulfonamida, está presente nas baterias de teste de contato de cosméticos  brasileira e latino-americana, enquanto as demais substâncias citadas podem ser encontradas em baterias específicas de unhas e esmaltes. O ideal é testar mais de uma bateria se houver suspeita de alergia a esmalte, para um diagnóstico mais certeiro. 

Deve ser lembrado também, que a alergia a esmalte pode ser um problema ocupacional e que muitas manicures precisam abandonar a profissão, uma vez que o uso de luvas de látex ou nitrila pode não ser suficiente para a proteção eficaz. 

Por tudo isso exposto aqui, vale a pena lembrar que as crianças não devem fazer uso de esmaltes comuns, uma cena frequentemente vista em salões de beleza. Por terem uma pele mais fina e sensível, estão expostas a maior risco de irritação e alergias. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), determina que crianças só podem utilizar esmaltes à base de água e que sejam facilmente removidos com a lavagem, sem o uso de acetonas ou removedores. Algumas marcas de esmalte infantis estão disponíveis à venda, geralmente direcionados a crianças maiores do que 5 anos de idade.

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