Dermatite atópica: Quais são as causas e o que faz piorar? O que não se deve comer? O que fazer para parar de se coçar? Qual sabonete usar? Como detectar e como tratar? A dermatite atópica passa sozinha? Se você apresenta alguma região da pele com ressecamento, coceira, lesões ou crostas, confira essas e outras informações importantes sobre dermatite atópica.
Artigo escrito pela Dra. Ana Luiza Villarinho, especialista em alergias na pele e pesquisadora da Fiocruz.
O que causa dermatite atópica?
Ela é causada pela associação de múltiplos fatores. Geralmente há uma predisposição genética, sendo comum algum parente com manifestação de atopia, como rinossinusite alérgica, asma brônquica e a própria dermatite atópica. Essa condição genética leva a alterações na pele como ressecamento e fragilidade.
A alergia a fatores ambientais como poeira, ácaros , fungos e pelos de animais contribuem para o aparecimento da doença.
O que faz piorar a dermatite atópica?
Existem alguns fatores que podem agravar a dermatite atópica e eles variam de acordo com a faixa etária. Em bebês, as crises podem estar associadas ao aparecimento dos dentes, às infecções respiratórias e a alergias alimentares.
Nas crianças maiores e adultos, a exposição a substâncias químicas irritantes como um sabonete inapropriado, colas, tintas e outros produtos presentes no ambiente de trabalho podem ser os responsáveis.
De uma forma geral, todos os pacientes com dermatite atópica podem ter agravamento do quadro com o tempo muito seco, baixas temperaturas, exposição a ambientes com mofo e umidade, pelos de animais (se tiverem um teste alérgico positivo), infecção da pele por bactérias e fungos e estados de estresse e ansiedade. Destaca-se que em algumas situações, especialmente nos portadores de dermatite atópica grave, não é possível determinar sempre um fator desencadeante.

Qual exame de sangue detecta dermatite atópica?
O diagnóstico da dermatite atópica é basicamente clínico, de modo que a localização da dermatite, o caráter recidivante das lesões e a história pessoal ou familiar de alguma manifestação atópica (rinite alérgica, asma, etc.) contribuem para o diagnóstico.
Os testes laboratoriais auxiliam, mas não são obrigatórios. O exame de sangue pode mostrar aumento da imunoglobulina do tipo IgE, positividade da IgE específica para aeroalérgenos (Ex: ácaros, fungos e poeira) e aumento dos eosinófilos no hemograma.
O que não pode comer quando tem dermatite atópica?
Algumas crianças pequenas, com dermatite atópica moderada a grave, podem apresentar piora do quadro cutâneo por alguma alergia alimentar. Neste caso, o ovo é um dos alérgenos mais comuns, além de trigo, leite de vaca, soja e amendoim.
Embora seja muito comentada, a alergia a corantes alimentares é rara e uma dieta com restrição destas substâncias só está indicada nos pacientes atópicos que tenham comprovado a sensibilização através de testes alérgicos.
Na maioria das vezes não há indicação de restrições na dieta de crianças maiores e adultos como forma de melhorar uma dermatite atópica.
Qual sabonete usar para dermatite atópica?
Idealmente deve-se usar no banho sabonetes syndet que têm um pH próximo ao cutâneo e quantidade reduzida de detergentes e tensoativos, causando um menor dano a pele do paciente com dermatite atópica que já é naturalmente frágil e ressecada. Existe uma série de géis de banho e loções de limpeza no mercado com esta característica.
De qualquer forma, mesmo estes sabonetes especiais devem ser utilizados em todo o corpo apenas uma vez ao dia. Nos demais banhos que possa vir a tomar, utilize o sabonete apenas nas partes do corpo com sujeira visível ou odor. Às vezes, quando as lesões de eczema são intensas, os sabonetes e géis de banho podem causar ardência. Neste caso, utilize apenas água ou soro fisiológico para remover sujeira e crostas.
Evite tomar banho com água muito quente porque ela acaba aumentando a remoção da pouca gordura que o atópico tem na pele. A água não precisa estar gelada, o ideal é o banho morno.

Qual o tratamento da dermatite atópica?
O tratamento depende da gravidade da dermatite atópica. Orientações que são universais para todos os pacientes são o uso abundante de um bom creme hidratante, o uso de syndets no lugar de sabonetes no banho e o controle da poeira no ambiente domiciliar.
Os casos leves geralmente são controlados com o uso de cremes e pomadas de anti-inflamatórios.
Já nos casos moderados a graves, além do exposto anteriormente, pode-se indicar a fototerapia (banho de luz) e medicamentos sistêmicos como imunossupressores, imunobiológicos e inibidores da Janus-kinase. Nunca deve-se utilizar corticóide oral sem orientação médica, pelo risco de efeitos colaterais e de piora da dermatite quando a medicação é suspensa (efeito rebote). A escolha do melhor tratamento depende da condição clínica e laboratorial do paciente.
O que fazer para parar de se coçar?
O controle da coceira na dermatite atópica pode ser um desafio, pois a maior parte dos antialérgicos comuns não têm efeito neste caso.
O mais importante é desinflamar a pele para a coceira passar. Assim, apenas o início do tratamento adequado para a gravidade da atopia irá aliviar os sintomas.
Compressas de soro fisiológico ou água gelada borrifada nos locais com sintomas mais ativos, podem trazer alívio transitório. Apesar da sensação de frescor inicial, deve-se evitar borrifar álcool nas lesões, pois pode piorar o ressecamento e a inflamação da pele.
A dermatite atópica passa sozinha?
A maior parte das crianças com dermatite atópica experimenta uma melhora dos sintomas até a puberdade. Porém, isto não é uma regra e casos graves iniciados na infância têm maior risco de persistir até a vida adulta.
Hoje sabe-se que ela pode iniciar inclusive no adulto ou até mesmo no idoso.
A dermatite é contagiosa?
Não! Apesar de muitas vezes as pessoas com dermatite atópica grave, com lesões de eczema por todo o corpo, sofrerem de afastamento social, esta doença não é contagiosa.
Em certos casos, a entrada em piscinas não é liberada pela possibilidade do cloro agravar as lesões de eczema, e não por risco a outras pessoas.
Esta doença é de transmissão genética e o simples toque do abraço ou aperto de mãos não é capaz de transmiti-la.